O norueguês
Casper Ruud voltou a criticar o calendário do circuito ATP, culpando a “agenda preenchida” pela grave lesão sofrida por
Holger Rune durante o
Open de Estocolmo. O dinamarquês, de 22 anos, considerado um dos maiores talentos da nova geração, rompeu o tendão de Aquiles na meia-final frente ao francês Ugo Humbert e ficará afastado dos courts até, pelo menos, ao verão de 2026.
Durante o encontro, Rune sentiu dores intensas no segundo set e acabou por abandonar em lágrimas. No domingo, confirmou nas redes sociais a gravidade da lesão: “O meu tendão de Aquiles está completamente partido na parte proximal, o que significa que terei de ser operado já na próxima semana. A reabilitação vai demorar algum tempo, e agradeço todo o vosso apoio agora e sempre. Sem vós, nada seria o mesmo. Vemo-nos o mais depressa possível.”
Lesão reacende debate sobre o calendário
A situação do dinamarquês reacendeu as críticas ao calendário do ténis profissional, há muito considerado demasiado exigente. Nos últimos meses, várias figuras de topo voltaram a denunciar o desgaste físico imposto pela longa época. Carlos Alcaraz lançou o debate no ano passado, e nomes como Novak Djokovic - 24 vezes campeão de Grand Slam - e o norte-americano Taylor Fritz juntaram-se à discussão.
Também Jack Draper, que terminou a temporada mais cedo devido a uma lesão no braço, deixou o seu desabafo na rede X: “As lesões vão acontecer, mas estamos a forçar os nossos corpos a fazer coisas que não são naturais num desporto de elite. Temos uma geração de jovens talentos incrível, mas a digressão e o calendário precisam de se adaptar se quisermos ter carreiras duradouras.”
Ruud reforça críticas
Casper Ruud, vencedor do torneio em Estocolmo após bater Humbert na final em sets diretos, não poupou críticas ao calendário e solidarizou-se com o colega nórdico. O norueguês, que no passado já se manifestara contra a extensão dos Masters 1000 de uma para quase duas semanas, foi perentório: o ténis está a levar os corpos dos jogadores ao limite.
“A lesão do Holger é muito séria. Pelo que sei, ele ouviu um som específico, o que nunca é bom sinal. É o tipo de lesão que não se consegue controlar, e é extremamente lamentável. O ténis é um desporto brutal, e ninguém quer ficar meses afastado. Ele ainda é muito jovem e espero que regresse o mais rápido possível”, afirmou Ruud.
O norueguês acrescentou que a exigência física do ténis atual é cada vez maior:
“Não estou a dizer que antes não fosse duro, mas hoje surpreende-me o nível de esforço que é preciso ter para competir. Passamos de um torneio para outro, sem tempo para o corpo recuperar. O Holger esteve em Xangai na semana passada, e este tipo de ritmo aumenta o risco. No fundo, todos nós estamos numa zona de perigo. De certa forma, as lesões resultam de um calendário demasiado cheio. É muito duro, e estamos a levar o corpo ao limite.”
Ruud lamentou ainda que a temporada de Rune termine desta forma:
“Ele era um dos jogadores ainda em luta por um lugar nas ATP Finals. É uma pena que tenha acabado assim. Desejo-lhe uma recuperação rápida.”