“Não tenho arrependimentos e cada erro que cometi, assumo-o e aceito-o”: Simona Halep em paz com o fim de carreira após escândalo de doping

WTA
domingo, 16 novembro 2025 a 4:00
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Simona Halep entrou em court pela última vez há nove meses e, à medida que as lesões foram cobrando o seu preço, a antiga número 1 mundial percebeu que o fim estava próximo enquanto disputava o Transylvania Open, em Cluj-Napoca.
Enquanto algumas optam por uma pequena digressão de despedida — como Angelique Kerber nos Jogos Olímpicos ou Petra Kvitova no US Open —, Halep foi uma das duas recentes participantes nas WTA Finals que decidiram parar após um último encontro, sem que ninguém soubesse realmente que seria o adeus.
Garbine Muguruza foi a outra: jogou em Lyon contra Linda Noskova, perdeu, tirou uma pausa do circuito e nunca regressou. É agora diretora do torneio das WTA Finals em Riyadh. Mas, tal como Halep, que nunca prometeu voltar, acabou por assumir que não regressaria.
Não houve digressão de despedida para Halep, que passou grande parte dos 18 meses anteriores praticamente vilificada pela comunidade do ténis devido à suspensão por doping por Roxadustat, uma substância que lhe terá sido administrada enquanto trabalhava com o antigo treinador Patrick Mouratoglou. Voltou a estar sob os holofotes quando Jannik Sinner e Iga Swiatek testaram positivo para substâncias, surgindo a perceção de que tivera um tratamento desigual, já que a sua carreira ficou em suspenso durante 18 meses.
No regresso, já não era a mesma jogadora, não conseguia convites para torneios e, quando os conseguia, tornavam-se um exercício penoso, com a noção de que talvez já não estivesse apta, devido a lesões recorrentes. Não sendo a mesma de quando deixou o circuito, resumiu assim a sua decisão.
“Pensei nisso durante algum tempo, mas não estava decidido quando entrei em court que me iria retirar nesse jogo. Mas senti que o meu lugar já não era ali”, disse Halep ao The National em Riyadh.
“Fisicamente, sentia-me lesionada no joelho e com dores. Por isso, depois de perder o primeiro set, decidi e disse: ‘Vou parar depois deste’. Fui ter com os meus pais e disse-lhes que queria parar. E eles responderam: ‘OK, anuncia’. Foi assim a história. Ninguém sabia.”

Halep sem arrependimentos ou ressentimentos

Apesar do que aconteceu, Halep não guarda ressentimento pelo desporto que, na sua perspetiva, lhe deu tudo, e assume os erros que cometeu, numa alusão ao caso de doping, embora admitir se sente falta do ténis seja uma questão em aberto. Não tem planos de regressar, mas diz que ainda sente arrepios e a sensação de estar em competição, sem toda a carga que isso implica.
“O ténis não me fez nada, nada de mal. Só me trouxe coisas boas”, afirma. “O que aconteceu foi, para mim, sem eu ter cometido quaisquer erros. Portanto, tudo ficou provado. O ténis nada teve a ver com isso e eu mantenho a paixão. Sinto um pouco de falta [do ténis] e tive arrepios quando entrei no court central, a recordar tudo o que joguei”, admite. “Mas também é bom sem o stress de disputar encontros.”
“Não tenho arrependimentos e cada erro que cometi, assumo-o e aceito-o. E de tudo o que fiz de bom, sinto-me orgulhosa”, declarou.
Simona Halep nos seus últimos torneios no início de 2025
Simona Halep nos seus últimos torneios no início de 2025
“Posso dizer que tenho orgulho em muitas coisas, mas a principal é a forma como gerei os fracassos e os sucessos. Porque quando cresces num país pequeno, o grande sucesso nem sempre sabes como o gerir. E sinto que o fiz muito bem e não mudei muito. É disso que mais me orgulho.”
“Porque agora percebo que dediquei toda a minha vida a isto. Tenho algumas lacunas emocionais na vida normal, mas não me arrependo. Estas coisas foram muito importantes para me dedicar a este desporto”, acrescentou. “Estou a relaxar porque me sentia muito cansada quando tomei a decisão. E sinto que o meu corpo tem de abrandar e não fazer nada. É isso que estou a fazer."
Acrescentou ainda, em Riyadh, no papel de embaixadora, que vê um grande crescimento do ténis na Arábia Saudita nos próximos 10 anos, num país onde procura ajudar a ancorar a modalidade, tal como fez na Roménia ao lado de Sorana Cirstea, num efeito que acabou por inspirar uma vaga de novos nomes.
“Bem, está a melhorar muito mais. E aqui, o que estão a fazer é realmente, realmente bonito e impressionante”, disse em Riyadh.
“Vai ajudar a região a evoluir no ténis. E tenho a certeza de que mais crianças virão e mais crianças terão esse desejo, porque é preciso sentir para ser tenista profissional.
“Não é fácil, mas têm todas as condições e sinto que isto vai melhorar em 10 anos. Dizia esta manhã que, em 10 anos, isto aqui vai ser enorme.”
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