"O que é suposto eu fazer?" David Ferrer explica a surpreendente eliminação de Alejandro Davidovich Fokina da Taça Davis

O capitão da equipa espanhola da Taça Davis, David Ferrer, abordou a ausência de Alejandro Davidovich Fokina para a final deste ano, depois de ter confirmado uma equipa com até três jogadores abaixo dele. O n.º 14 do mundo é, em termos de ranking, o segundo espanhol mais bem classificado, a seguir a Carlos Alcaraz (n.º 2).

No entanto, o capitão Ferrer - antigo nº 3 do mundo e finalista de Roland Garros em 2013 - optou por deixar Davidovich de fora das próximas finais da Taça Davis, o que foi uma das grandes surpresas quando foram anunciados os alinhamentos das 8 nações concorrentes.

A equipa espanhola será composta por Alcaraz como primeiro jogador de singulares, deixando Jaume Munar (n.º 36), Pablo Carreño Busta (n.º 91) e Pedro Martínez (n.º 95) como opções de singulares. A eles se juntará o especialista em duplas, o antigo nº 1 do mundo na categoria, Marcel Granollers (nº 8), formando a equipa de cinco jogadores que tentará ganhar a saladeira de prata.

"Na convocatória para o Bolonha, decidi nomear quatro jogadores, e ele não está entre eles porque tenho medo que se retire à última da hora, como aconteceu nas fases anteriores", disse Ferrer numa entrevista recente ao programa "El Partidazo de Cope" no YouTube.

A verdade é que Ferrer foi perturbado por duas desistências de última hora de Davidovich em fases anteriores do torneio. Foi o caso da eliminatória contra a Dinamarca, na semana seguinte ao Open dos Estados Unidos, em que a quebra de Alcaraz, depois de ter conquistado o título em Flushing Meadows, foi agravada pela desistência de Davidovich. "Quando o US Open termina, ele diz-me que tem problemas e prefere não jogar", referiu Ferrer em relação a Davidovich Fokina.

"Isso criou-me um grande problema, porque o Granollers acabou por se lesionar, jogou infiltrado, e eu já tinha discutido com o Alcaraz que, se chegasse à final, não poderia jogar. Fiquei com quatro jogadores, sem suplentes...", acrescentou. "Quando ele me volta a dizer que não vai jogar por esgotamento físico e mental, o que é que eu faço?"

"O que estou a tentar fazer agora é proteger-me. Telefonei ao Alex e disse-lhe que ia selecionar aqueles quatro jogadores e que reservava um quinto para ver como terminava a época. Ele disse-me para não contar com ele se não fizesse parte da primeira seleção", afirmou o antigo vice-campeão de Roland Garros.

A ausência do atual número 14 do mundo foi um tema de interesse em Espanha, tendo o próprio jogador emitido uma carta pública a expressar o seu desagrado por não ter sido considerado para a equipa espanhola desta vez. O jogador de 26 anos já se tinha retirado das eliminatórias contra a Suíça e a Dinamarca, mas contava regressar à equipa na semana da final.

"Creio que merecia ser convocado, com todo o respeito pelos meus companheiros de equipa. Sou o número 2 de Espanha e estou no meu melhor ranking", lê-se na carta do atual número 14 do mundo. "David telefonou-me há uma semana para me informar da sua decisão; já lhe tinha dito antes que contasse comigo porque é sempre um orgulho representar a Espanha. É uma decisão dele e não há mais nada a fazer senão respeitá-la".

De facto, dos 8 países que participam no torneio, apenas três jogadores ultrapassam a classificação de Davidovich Fokina: Alcaraz (n.º 2), o alemão Alexander Zverev (n.º 3) e o italiano Lorenzo Musetti (n.º 9). Além disso, a Espanha perdeu a oportunidade de colocar em campo dois jogadores do Top 20 - algo de que apenas a equipa checa se pode gabar, com Jiří Lehečka (n.º 17) e Jakub Menšík (n.º 19) a liderar a sua formação.

Os checos serão precisamente os rivais da Espanha numa eliminatória em que contar com o hexacampeão como líder não será suficiente; terão de garantir vitórias, quer no segundo jogo de singulares, quer no jogo de pares.