João Fonseca reflectiu sobre uma semana marcante no
Swiss Indoors Basel, depois de ter conquistado o maior título da sua jovem carreira com apenas 19 anos. O brasileiro derrotou o espanhol Alejandro Davidovich Fokina por 6-3 e 6-4 na final de domingo para conquistar o título ATP 500 - tornando-se o segundo mais jovem campeão a este nível na história, atrás apenas das vitórias de Carlos Alcaraz em 2022 no Rio e em Barcelona.
O seu triunfo também pôs fim a uma espera de 24 anos do Brasil por um título importante acima da categoria ATP 250, um feito alcançado pela última vez por Gustavo Kuerten em Cincinnati 2001. Após a vitória, Fonseca descreveu-a como "uma semana muito especial", destacando tanto a sua mudança mental como a preparação que levou ao seu avanço.
Embora a sua participação em Basileia tenha incluído dois desaires, Fonseca sublinhou que aproveitou ao máximo todas as oportunidades. "Não fomos ao torneio asiático este ano para que o meu corpo pudesse recuperar, porque eu estava doente e queríamos preservar a minha saúde - física e mental. Estar aqui e aproveitar esta oportunidade foi muito importante para mim", explicou. "Ganhar aqui, na casa do Federer, o meu ídolo, é verdadeiramente único. A minha família, o meu agente e os meus tios estão todos aqui; é algo muito especial."
Agora classificado pela primeira vez dentro do top 30, Fonseca não só conquistou o seu maior troféu, como também se posicionou para se tornar um dos jogadores semeados no Open da Austrália de 2026 - um objetivo que estabeleceu abertamente com a sua equipa há meses. Para um jogador que começou a época fora do top 100, trata-se de uma ascensão meteórica que confirma o seu lugar entre a próxima geração do ténis.
O ponto de viragem: mentalidade e maturidade
Fonseca revelou que o seu avanço não se deveu apenas ao facto de ter melhorado o seu jogo, mas também à transformação da forma como lida com a pressão. "Sentia-me pressionado antes de começar este torneio", admitiu. "Foi uma semana em que eu e a minha equipa tivemos a mentalidade certa desde o início. Mantivemo-nos unidos apesar de termos perdido uma primeira ronda difícil em Bruxelas, onde não servi bem. Continuámos a trabalhar, chegámos a Basileia cedo e treinámos tudo o que eu precisava de melhorar. Como resultado, servi muito bem durante toda a semana. Estou muito contente com esta mudança mental e com a forma como lidei com a pressão."
Essa resiliência reflectiu o seu triunfo anterior em Buenos Aires, o seu primeiro título ATP. "Foi semelhante ao que aconteceu em Buenos Aires, quando enfrentei quatro jogadores argentinos", recordou. "A pressão era grande, por isso a minha mentalidade tinha de ser boa e acho que lidei muito bem com isso. Nas meias-finais contra o Munar, que tinha um ranking muito melhor, foi um jogo muito complicado, com muita tensão, mas consegui superar."
Olhando para Paris e para a Austrália 2026
O campeão de Basileia não perde tempo a festejar - a sua atenção já está virada para o Masters de Paris. "Focar no circuito indoor de quadra dura foi uma decisão acertada", explicou Fonseca. "É um circuito que historicamente é complicado para nós, pois não temos quadras rápidas no Brasil. Treinar para essa época do ano é difícil, enquanto os europeus estão mais acostumados. Então, ter essa primeira experiência em quadra coberta nesta temporada foi muito importante, uma prioridade para nós."
O planeamento cuidadoso tem sido a pedra angular da época de Fonseca. "Tudo o que fizemos este ano foi cuidadosamente planeado", afirmou. "Não joguei em Xangai porque demos prioridade ao meu bem-estar. No início da época, o meu objetivo era jogar todos os Grand Slams. À medida que a época avançava, disse ao meu treinador que queria ser cabeça de série no Open da Austrália. Agora isso é possível. Vou partir para Paris em breve, com uma nova mentalidade. O circuito é um sprint - em dois dias, já estarei a jogar um novo torneio. Vamos apostar tudo".
Aos 19 anos, Fonseca representa a nova face do ténis brasileiro - uma face baseada no profissionalismo e na inteligência emocional. A sua vitória em Basileia, no torneio caseiro de Federer, parece uma passagem simbólica da tocha: um jovem talento inspirado por um ídolo, agora a construir o seu próprio legado. Ao dirigir-se para o Masters de Paris com confiança e perspetiva, é evidente que a história de João Fonseca está apenas a começar a desenrolar-se - e o mundo do ténis está a observá-lo de perto.