Jelena Dokic teve de dormir no balneário de Wimbledon devido ao pai abusivo: "O meu pai batia-me e as coisas pioravam à porta fechada"

Jelena Dokic alcançou as meias-finais de Wimbledon em 2000, mas entre tudo isso, ela estava a passar por uma turbulência interior devido aos abusos do seu pai. Ela contou que foi obrigada a dormir no balneário depois de ter sido expulsa do hotel.

Dokic perdeu para Lindsay Davenport e foi duramente repreendida por Damir Dokic após o jogo, depois de ter sido vítima de maus tratos desde criança, sobre os quais já se tinha manifestado anteriormente.

"Quando comecei a jogar ténis e bati a primeira bola, o meu pai bateu-me e as coisas pioraram à porta fechada", disse Dokic ao Head Game podcast.

"Fui semifinalista em Wimbledon, estou sentada na secção dos jogadores, a chorar e a ouvir o meu pai dizer que sou uma desgraça e que arruinei a minha família e a dele por ter perdido nas meias-finais de Wimbledon.

"Não me deixaram ir para o hotel e disseram-me para fazer o que quisesse, para me desenrascar, para dormir na rua e não poder voltar. Fiquei em Wimbledon, esperei que todos saíssem e fui para a esquina do sector dos jogadores, para ter um sítio onde ficar e dormir lá. Encontraram-me a meio da noite, porque os empregados de limpeza limpavam o local à noite".

Em abril, falou também sobre o facto de já ter sido envergonhada por ter sido gorda e de, na sua opinião, isso não ter importância, uma vez que passou por uma grande agitação e, na sua opinião, tem sorte por estar viva.

"Qual é o comentário mais comum que vejo quando se trata do meu tamanho e peso corporal? O que é que lhe aconteceu? Mal a consigo reconhecer. A sério? O que é que aconteceu? Não me consegues reconhecer?" escreveu Dokic em abril. "Deixem-me dizer-vos o que aconteceu. Sobrevivi a ser refugiada duas vezes, fui vítima de bullying, vivi numa casa cheia de violência doméstica durante 15 anos e fui espancada até ficar inconsciente."

"Fui maltratada física e emocionalmente e fui espancada pela primeira vez quando tinha seis anos [de idade], chamavam-me puta e vaca desde os 11 anos."

"Tive de fugir de casa, lutei contra a ansiedade, a depressão, a PSPT e o trauma e quase me suicidei. Mesmo assim, consegui sair-me muito bem, consegui estar no top 5 do mundo como tenista e ser finalista de um Grand Slam, sou autora de best-sellers, comentadora e oradora, mas o mais importante é que sobrevivi."