Finais em dias úteis, Masters de 12 dias e mais descanso: o plano arrojado de Gaudenzi para remodelar o ATP Tour até 2028

ATP
sexta-feira, 14 novembro 2025 a 8:00
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Andrea Gaudenzi, presidente da ATP, esclareceu as reformas profundas que estão a ser ponderadas para o ténis masculino nos próximos anos, abordando preocupações antigas sobre o calendário, a carga competitiva dos jogadores e a governação fragmentada da modalidade. Falando de forma franca numa recente conferência de imprensa em Turim – em pleno ATP Finals - o italiano detalhou como pretendem criar um calendário mais sustentável e unificado, reduzindo o número de torneios menores e expandindo os mais prestigiados.
Na última década, o circuito masculino passou por uma consolidação gradual. “Nos últimos anos, reduzimos o número de torneios ATP 250 — de 38 para 29”, notou Gaudenzi. O objetivo final, explicou, é simplificar ainda mais a calendarização até 2028, quando o novo Masters 1000 na Arábia Saudita deverá estrear. Com 52 semanas no ano. “Os jogadores precisam de uma off-season”, afirmou. “Neste momento, a pré-época é demasiado curta. Precisam de descanso, férias e tempo para trabalhar o físico e o ténis.”
Gaudenzi salientou que alinhar todos os organismos da modalidade continua a ser um grande desafio. “Há sete entidades envolvidas: os quatro Grand Slams, a ITF com a Taça Davis e tanto a ATP como a WTA. É difícil haver uma linha comum”, admitiu. Ainda assim, a visão da ATP é clara: concentrar-se nos seus produtos premium. “Os fãs gostam de ver os melhores a defrontarem-se, e isso acontece nos Slams, nos Masters 1000 e nas Finals.”
Mas gerir a independência dos jogadores acrescenta complexidade. “Os tenistas são profissionais independentes”, sublinhou. “Cada um escolhe onde jogar. Alguns podem preferir um 250 a um 500, ou até uma exibição fora do sistema.” A ATP, disse, só pode influenciar o comportamento através de incentivos, mas “se conseguirmos sentar todos — Slams, ITF, ATP, WTA — à mesma mesa, sob um quadro único, poderemos fazer um melhor trabalho no calendário.”

Masters 1000 mais longos, mais receitas e um ecossistema em mudança

Uma das reformas mais debatidas no mandato de Gaudenzi tem sido a expansão dos Masters 1000 para 12 dias. O presidente defendeu a decisão com base em precedentes de sucesso. “Voltando à expansão para 12 dias”, disse. “Não inventei nada. Indian Wells e Miami já estavam assim há 35 anos. Quando entrei, analisei os números e vi que estes torneios superavam claramente os outros.”
Ligou este ponto ao modelo de negócio mais amplo do ténis. “Basta olhar para os Slams. Porque é que são tão bem-sucedidos? Duas razões: infraestruturas, infraestruturas incríveis, e claro, história, a marca. Têm grandes estádios e têm tecnicamente três semanas — 15 dias de quadro principal mais qualificação são três semanas.” O ténis, explicou, depende muito da bilhética: “Somos uma modalidade muito, muito pesada em bilhética. As receitas de bilhética já estão acima dos 50% ou 60%. Comparando com outros desportos — são muito media. Nós somos baixos em media e muito altos em bilhética por várias razões.”
Esta vantagem na bilhética, defendeu Gaudenzi, explica porque a extensão dos torneios tem sido financeiramente recompensadora. “Quando acrescentamos dias, e já vimos que 2025 foi o terceiro ano do plano… incluindo Canadá e Cincinnati, já vejo os resultados”, referiu. “Se olharem para a receita total, que não posso divulgar, está a subir muito. Está a mudar bastante.” Confirmou que “pagámos quase 20 milhões de dólares em profit sharing. Vinha de 6 milhões… um plus de 25% sobre o prize money habitual, que já tinha sido aumentado.”
Os eventos prolongados, continuou, também permitiram uma maior redistribuição financeira. “Tentamos equilibrar para todo o conjunto de jogadores, incluindo os Challengers, porque os Challengers são muito importantes para o percurso e para formar os campeões do futuro.” Para Gaudenzi, a aposta em Masters mais robustos é não apenas financeira, mas estratégica — pensada para elevar o patamar intermédio do circuito protegendo o topo.

Visão simplificada para 2028 e a necessidade de paciência

Olhando em frente, o plano da ATP prevê cerca de 10 semanas de ATP 250, oito de 500 e os 10 Masters 1000 estabelecidos, além dos quatro Grand Slams — 32 semanas premium no total. “Se estás no topo, jogarás os Slams e os Masters, talvez um ou dois 500”, explicou na conferência. “Os jogadores mais abaixo no ranking jogarão mais 500 e 250; ainda mais abaixo, 250 e Challengers.” Observou que jogadores como Sinner ou Alcaraz “não precisam de jogar um 250 por dinheiro — não é necessário ao nível deles.”
A flexibilidade na calendarização também está em revisão. Por exemplo, a ATP acordou com Cincinnati recuar a final de 2026 para domingo, enquanto a do Canadá permanece numa quarta-feira. “Outros desportos também jogam à segunda ou à quarta, como a Liga dos Campeões”, disse. “Temos de ser flexíveis para nos adaptarmos à programação. Vamos ver no próximo ano o impacto de uma final ao domingo face à de segunda-feira em termos de audiências de TV.”
Talvez a preocupação mais imediata seja garantir descanso adequado aos jogadores. “Acho que tem de ser definitivamente mais longa do que a que temos hoje”, admitiu Gaudenzi. “Alguns jogadores dizem seis, outros sete, outros oito. Seguramente, um jogador precisa de uma ou duas semanas de paragem, depois uma ou duas semanas para começar a trabalhar o corpo… e depois pega novamente na raqueta.”
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