O regresso de Rafael Nadal ao ténis nos Grand Slams em comparação com os treinos assusta o treinador Carlos Moya: "Neste momento é esse o meu medo"

O treinador de Rafael Nadal, Carlos Moya, reconheceu as suas preocupações relativamente ao desempenho do 22 vezes campeão do Grand Slam em jogos de cinco sets durante os torneios do Grand Slam. Moya mencionou que o seu "maior receio" é como Nadal vai lidar com a transição dos jogos de treino para o nível competitivo de um jogo oficial.

Nadal não joga uma partida desde a segunda ronda do Open da Austrália de 2023, onde foi derrotado por Mackenzie McDonald. O jogador espanhol ocupa atualmente o 666º lugar no ranking mundial, o que significa que não será cabeça de série num Grand Slam pela primeira vez em 19 anos, o que implica que poderá enfrentar qualquer adversário do top-10 desde a primeira ronda.

O treinador espanhol afirmou que Rafael Nadal tem demonstrado um grande desempenho nos treinos e que tem progredido significativamente nos últimos meses. No entanto, ainda é cedo para determinar se ele pode replicar isso ao jogar ao mais alto nível: "Rafa vai passar do treino, que ele está a fazer muito bem, para a competição. E é impossível ter as mesmas condições no treino e num jogo", disse Moya durante uma entrevista à ATP.

"Jogar à melhor de cinco sets, ganhar, descansar, voltar ao court dois dias depois... É essa a dúvida que tenho neste momento, sobretudo para um Grand Slam. Mas temos tempo. Se o Open da Austrália começasse amanhã, seria um verdadeiro medo", afirmou Moya.

"Ainda falta um mês, um torneio antes em Brisbane, treinos exigentes... Penso que tudo isto o colocará numa posição que lhe permitirá aguentar. Mas, neste momento, é esse o meu receio", acrescentou.

Moya também discutiu o fator de que Nadal não poderá evitar enfrentar adversários mais fortes nas primeiras rodadas e terá que estar no seu melhor desde o início. Na sua carreira, Nadal só perdeu na primeira ronda de um Grand Slam duas vezes: Wimbledon 2013 e Open da Austrália 2016. Moya declarou: "Embora ele possa jogar usando o ranking protegido em seus primeiros nove torneios após seu retorno, isso não o impedirá de jogar contra adversários muito fortes desde a primeira ronda ..."

"É evidente que os sorteios vão ter um papel importante no retorno, sobretudo porque queremos que ele faça jogos. Nunca pensei que o Rafa precisasse de ritmo porque é demasiado bom para isso, mas agora a situação é diferente. O que nos interessa é que ele jogue jogos, que os possa ganhar para completar esse nível", acrescentou.

Finalmente, Moya reconheceu as incertezas sobre a condição física de Nadal em 2024. O treinador afirmou que Nadal não quer necessariamente terminar a sua carreira e, se estiver fisicamente bem, não exclui a possibilidade de prolongar a carreira do jogador espanhol de 37 anos: "Deixar um desporto que se praticou toda a vida, que nos deixa viciados por essa adrenalina especial, é muito complicado", explicou.

"Ele (Nadal) não quer fechar a porta. Se tudo correr bem e ele aguentar, porque não continuar? Se ele gosta, se se diverte e é o que gosta de fazer, porque não? Mas há demasiadas incógnitas neste momento para dizer onde estaremos daqui a um ano. Tudo pode acontecer".