“Queremos que jogue o seu melhor ténis aos 28, 29, 30 anos”: Darren Cahill traça plano ambicioso de longo prazo para a ascensão de Jannik Sinner

A vitória de Jannik Sinner sobre Carlos Alcaraz deu-lhe títulos consecutivos nas ATP Finals, além de um fecho de época doce, após ter cedido o n.º 1 mundial ao seu rival poucos dias antes. O treinador de Sinner, Darren Cahill, apontou as chaves do triunfo e o nível extraordinário do italiano no torneio, embora avise que está longe do auge.

Darren Cahill tornou-se uma figura cada vez mais central na evolução de Jannik Sinner. O australiano planeava afastar-se do circuito a tempo inteiro no final desta época, depois de anos a viajar pelos circuitos ATP e WTA com nomes como Simona Halep e Andre Agassi, com a intenção de regressar à Austrália para passar mais tempo com a família. Mas a campanha de Sinner até ao título em Wimbledon mudou o cenário, com ambos a acordarem a permanência por pelo menos mais um ano.

O papel de Cahill ganhou ainda mais visibilidade após o recente triunfo de Sinner sobre Carlos Alcaraz nas ATP Finals de 2025. O italiano bateu o n.º 1 mundial por 7-6(4), 7-5, melhorou o confronto direto para 6-10 e fechou a época com 4-2 em finais frente ao espanhol. O encontro evidenciou quanto do progresso de Sinner assenta em planeamento estrutural de longo prazo, e não em picos momentâneos de forma. Cahill confirmou que alguns ajustes são pensados com várias épocas de antecedência.

O serviço tem sido um foco maior desse desenvolvimento. Cahill explicou que a estratégia nunca foi aumentar percentagens por estatística, mas sim elevar a qualidade de cada execução. “Não é apenas uma questão de percentagem de primeiros serviços. Se só nos importássemos com isso, diríamos para reduzir a velocidade e meter mais bolas”, disse Cahill em conferência de imprensa, segundo a Super Tennis. “Em vez disso, o Jannik aumentou os quilómetros por hora, bate mais junto às linhas e conquista muitos mais pontos fáceis.”

Embora a resposta de Sinner já o coloque entre os melhores do circuito, Cahill insiste que ainda há margem relevante para crescer. Para ele, o mais estimulante é o potencial de Sinner continuar longe de estar esgotado. “Embora o Jannik já responda muito bem, sentimos que ainda tem margens de melhoria”, afirmou. “Isso é o interessante e entusiasmante de trabalhar com alguém tão forte: há partes do jogo dele que ainda podem crescer muito. Queremos que jogue o seu melhor ténis aos 28, 29, 30 anos, por isso o objetivo é preparar essa base agora.”

Cahill tem sido igualmente claro sobre as condições atuais no circuito, sublinhando que uma variedade saudável de superfícies continua essencial para a modalidade. A sua avaliação do court das ATP Finals 2025 foi direta: médio-rápido e favorável a jogadores agressivos. “Acho que ainda existe grande variedade entre superfícies. Não são todos courts de velocidade média”, disse. “Este foi médio-rápido, bastante veloz. A diferença entre Indian Wells e Cincinnati é enorme. Indian Wells é muito lento. Cincinnati é um dos pisos rápidos mais velozes do circuito.”

O australiano abordou também uma preocupação recorrente entre vários jogadores quanto à inconsistência das bolas entre torneios. “Talvez as bolas pudessem ser um pouco mais rápidas”, sugeriu. “Temos falado sobre isto: seria útil que os torneios usassem uma bola mais uniforme, sobretudo entre a temporada de terra batida e a digressão americana em hard court. É uma questão do que as pessoas querem ver: só ases e pontos relâmpago, ou o espetáculo emocionante que vimos esta noite?”

Com Sinner firmemente instalado no top-2 e a sair de uma época em que ele e Alcaraz dominaram os grandes palcos, a continuidade de Cahill acrescenta estabilidade num período de grande expectativa. Ainda assim, o treinador não viajará a tempo inteiro em 2026, algo que o próprio Sinner confirmou há meses. A equipa deverá dividir funções ao longo da temporada, permitindo a Cahill manter-se envolvido sem o calendário extenuante que o levou a ponderar a retirada.

Olhando em frente, a evolução de Sinner em terra batida permanece um objetivo maior. O jogo do italiano já se adaptou bem a courts rápidos, médios e lentos, mas a equipa acredita que o próximo salto significativo poderá chegar na primavera europeia. “Acho que o seu jogo se adapta bem a todas as superfícies, lentas, rápidas ou médias”, concluiu Cahill. “Obviamente, a terra batida será um grande objetivo para nós no próximo ano, para continuar a melhorar o seu ténis nessa superfície. Vamos continuar a trabalhar nisso.”