“Tens de bater junto às linhas laterais para chegar à sua esquerda” O conselho tático que Ben Shelton recebeu do pai contra Auger-Aliassime

O antigo número um britânico Tim Henman revelou o conselho que Ben Shelton recebeu do pai e treinador, Bryan, na derrota pesada por 4-6, 7-6(7), 7-5 frente a Felix Auger-Aliassime nas ATP Finals.

O número cinco mundial chegou ao torneio de estreia com grandes ambições de desafiar a elite, mas o seu sonho de cumprir essas metas resume-se agora a um duelo com Jannik Sinner no último jogo da fase de grupos. Precisa de bater o imperial número dois para ter alguma hipótese de seguir em frente.

Ambos assentaram o jogo no serviço. Tirando três quebras no primeiro set, houve apenas mais uma quebra em todo o encontro. Crucialmente, foi a que permitiu a Auger-Aliassime fechar o duelo. Shelton ainda cometeu uma dupla falta que entregou o segundo set, momentos infelizes do jovem de 23 anos.

Henman acompanhou de perto o duelo em Turim. À medida que o encontro entrou no terceiro set, Auger-Aliassime continuou a incomodar Shelton, tornando-se um problema com a subida de forma em court, encontrando um período de grande consistência.

“Estive a observar Auger-Aliassime de perto porque, de repente, ele pode falhar por dois ou três metros. Perguntei: ‘porquê?’ Não é técnico, não sei se às vezes fica um pouco nervoso. Mas quando consegues passar muitos jogos e jogos grandes contra grandes jogadores em grandes torneios, isso dá-te crença. Houve momentos em que ele subiu claramente o nível de consistência no terceiro set.”

Henman seguiu muito atentamente o banco de Shelton. Ouviu-se Bryan Shelton a dar ordens e indicações táticas ao filho, algo que Henman destacou. “Ouvimos o pai e treinador de Ben Shelton, Bryan, dizer que ele está a bater demasiadas direitas. ‘Auger-Aliassime está a bater demasiadas direitas, tens de quebrar as linhas para chegar ao seu backhand’, o que, sendo canhoto, consegues fazer.”

No fim, o norte-americano não conseguiu capitalizar e Auger-Aliassime somou um triunfo de enorme importância. “Mas não há dúvidas, e percebe-se pela reação de Auger-Aliassime e da sua equipa quando acabou, o que isto significou para ele”, sublinhou o britânico.

Se para Shelton foi dor, para o seu adversário foi triunfo. Na primeira presença nas ATP Finals desde 2022, Auger-Aliassime somou um sucesso crucial para manter vivas as aspirações de chegar às meias-finais.

Em Turim, deixou Henman francamente impressionado. “Quando olhas para as meias-finais no US Open, ele estava um set por set com o Sinner, e o segundo set foi ténis altamente impressionante”, disse, recordando a campanha em Flushing Meadows. “Confirmou no Outono e jogou brilhantemente em Paris para chegar à final, e voltou a defrontar o Sinner.”

“Está a evoluir na direção certa. Já seguiu este caminho no passado e depois teve quebras de forma, mas agora creio que tem muito mais experiência e entendimento, por isso uma base mais sólida para construir não apenas esta semana, mas até 2026.”

Não surpreende que o canadiano renda a alto nível nesta superfície. É um cenário que tem privilegiado ao longo dos anos, com sete dos seus oito títulos conquistados nela. O mais recente surgiu no European Open, num duelo muito apertado com o número um checo Jiri Lehecka. Quer prolongar a trajetória ascendente e voltar a desafiar com regularidade os melhores do mundo. Tentará levar esse embalo para o último jogo do grupo contra Alexander Zverev, provavelmente um duelo direto para se juntar a Sinner nas meias-finais.