"O lugar feliz tornou-se a minha tristeza": Ons Jabeur explica por que razão teve de se afastar do ténis

Ons Jabeur, a estrela tunisina do ténis, explicou esta semana em Riade por que razão decidiu fazer uma pausa indefinida no ténis após Wimbledon 2024. Falando no WTA Finals, onde participou como embaixadora, Jabeur disse que precisava de tempo para recuperar física e mentalmente após duas exigentes épocas em digressão. "O lugar feliz, o lugar onde encontro a minha alegria, de repente tornou-se a minha tristeza", disse a antiga n.º 2 do mundo.

Quatro meses depois, Jabeur está de volta - não como jogadora, mas como embaixadora do WTA Finals em Riade. A três vezes vice-campeã do Grand Slam falou abertamente sobre os motivos que a levaram a tomar esta decisão e sobre a importância de dar prioridade à sua saúde mental e física. "Sinto que é altura de dar um passo atrás e finalmente colocar-me em primeiro lugar: para respirar, curar e redescobrir a alegria de simplesmente viver", disse.

Desde que se afastou, Jabeur tem-se mantido ativo fora do campo. "A minha pausa está a correr bem. Estou a descobrir a vida um pouco fora do ténis", disse ela ao The National. "Tenho estado ocupada com coisas diferentes - a fundação, a academia. Estou a tentar talvez lançar novos projectos também, por isso tem sido divertido." Esses novos empreendimentos são mais do que projectos paralelos; representam uma mudança na forma como ela define o sucesso.

No início, a mudança de ritmo foi estranha. "Quando o nosso corpo está habituado a seis ou sete horas de treino por dia e, de repente, não fazemos nada, pensei: "O que estou a fazer? Mas com o passar do tempo, ela encontrou alegria nas pequenas rotinas e em passar tempo com a família - algo que o seu horário exigente raramente permitia.

A decisão de fazer uma pausa na carreira surgiu após dois anos difíceis, marcados por lesões e desilusões. "Tentar encontrar algo que me fizesse feliz fora do ténis foi difícil", explicou. "O lugar feliz... tornou-se o lugar que me dava depressão. E eu estava um pouco assustada, pensando: 'E se eu nunca mais encontrar alegria no campo de ténis?

Para já, Jabeur ainda não marcou uma data de regresso. "Só quero divertir-me e quando a minha mente e o meu corpo me disserem que estou pronta, que quero voltar, então voltarei", disse. Os seus comentários deixam claro que o seu regresso não seguirá um calendário fixo, mas sim o seu próprio sentido de prontidão.

A sua mensagem repercutiu-se em toda a comunidade do ténis. Muitos colegas jogadores, revelou, contactaram-na para expressar que se viam nas suas palavras. "Basicamente, outros jogadores viam-se naquilo que eu estava a sentir. Senti que não estava apenas a ajudar-me a mim própria, mas também a ajudá-los."

Quando Jabeur regressar, tenciona assumir o controlo da sua agenda. "Quero escolher os meus torneios. Quero fazer com que o calendário se adapte a mim e não que eu me adapte ao calendário", afirmou. A sua atenção centrar-se-á em manter o equilíbrio e evitar o esgotamento.

"Sinceramente, vou tentar falar mais alto e fazer com que a comunidade do ténis nos trate melhor como jogadores, nos trate mais como seres humanos do que como robôs que jogam ténis, ténis, ténis o tempo todo", acrescentou. É uma declaração que faz eco de uma discussão mais ampla entre os jogadores sobre o longo calendário e o desgaste mental do desporto.

Longe da competição, Jabeur tem estado a trabalhar em duas grandes iniciativas - a Fundação Ons Jabeur e a Academia Ons Jabeur. "Quero viver uma vida com significado, não apenas respirar e comer e não fazer nada à parte", disse ela. O primeiro projeto da fundação consiste na reconstrução do campo de ténis da sua antiga escola primária na Tunísia.

A sua academia, que será inaugurada no Dubai no final deste mês, centrar-se-á na formação personalizada e no desenvolvimento dos jovens. "Talvez seja uma forma de eu reencontrar a alegria no campo", afirmou. "Ver a inocência dos miúdos, não há nada melhor do que isso. Quero treinar lá com eles e ver como corre".

Os planos de Jabeur para o futuro são claros - regressar quando estiver pronta, jogar com alegria e fazer uma diferença duradoura fora do campo. "A convicção está lá", concluiu. "Mas mesmo que não volte ao que era, não vou colocar muita pressão sobre mim própria. Para mim, o mais importante é que vou lá, vou tentar, e vou ser mais feliz no campo."